BANCA LUTA PELOS SPREAD

Margem de lucro da banca baixa e torna empréstimos mais baratos.

Os bancos voltaram a abrir as portas de casa aos portugueses. Os números ainda estão longe dos valores praticados antes de o furacão da crise ter varrido o mercado imobiliário, mas hoje já é possível ir a um banco pedir um crédito à habitação e sair de lá com um spread inferior a 2%. Por exemplo, para um imóvel de 150 mil euros a 30 anos, os bancos só emprestam normalmente 80%, isto é 120 mil euros. Para esse valor, a Deco encontra spreads de 1,25%.

A última instituição financeira a cortar a margem de lucro foi o Banco BIC, que reduziu o spread mínimo de 2,10% para 1,65%. Os bancos reconhecem que o mercado voltou a mexer, e não querem ficar para trás na corrida.

Contactado pelo JN/Dinheiro Vivo, o Banco BIC reconhece que "as restrições financeiras condicionaram o acesso à aquisição de habitação própria, mas ultimamente o mercado tem vindo a revelar-se mais dinâmico". A instituição confirma que estudou "os dados mais recentes do comportamento dos clientes e da concorrência" para chegar "a um dos spreads mais baixos do mercado".

Bankinter chegou e agitou

Antes do BIC, já o Bankinter tinha subido a fasquia da competição. O banco, que comprou no início do ano o negócio comercial do Barclays em Portugal, detém a margem mínima de financiamento mais baixa do mercado, com 1,25%. "O Bankinter anunciou logo no início da sua operação em Portugal que pretendia ser um parceiro da economia nacional e apoiar as empresas e as famílias portuguesas. A descida do spread no crédito habitação é uma demonstração clara desse apoio", sublinham os responsáveis da instituição.

Entre os líderes do mercado nacional, a competição está ao rubro. Em agosto, o Montepio anunciou um corte da margem de lucro, então superior a 2%, para 1,55%, que concorre quase diretamente com o spread de 1,5% praticado pelo Santander Totta desde junho. A CGD e o BCP também lutam pelo pódio, com um spread mínimo de 1,75%.

As campanhas surgem umas atrás das outras, mas devemos mesmo agarrá-las? Sim, mas com cautela, aconselham os especialistas. Por um lado, é preciso ter em atenção que um spread mínimo nunca virá sem contrapartidas, como a subscrição de cartões de débito e de crédito do banco, seguros de vida ou domiciliações de pagamentos, segundo as simulações feitas pelo JN/Dinheiro Vivo.

E há outros riscos a ter em conta. "Os juros associados ao crédito à habitação estão a atingir mínimos históricos, logo o custo de recorrer a financiamento bancário para compra de habitação é mais baixo do que nos últimos anos. Mas não podemos esquecer que um contrato dura normalmente 20 a 30 anos e neste período as taxas de juro podem sofrer alterações muito significativas. Basta recordar que em 2008 a média da Euribor a 6 meses era superior a 5%, avisa Nuno Rico, economista da Deco.

Euribor negativa

Com a Euribor a registar níveis negativos em todos os prazos utilizados no crédito à habitação, a associação aconselha os futuros proprietários a optar por uma taxa de juro variável nos novos contratos. "A atual oferta de taxa fixa é mais cara. Apenas poderia ser interessante para prazos mais longos ou pela totalidade do financiamento, mas as propostas oferecidas pelos bancos, além de escassas são muito mais caras do que a opção de taxa variável", explica o economista da Deco.

Para o especialista, é pouco provável que os spreads venham a baixar para os níveis registados antes da crise, quando a média não ultrapassava os 0,5%. Nas condições atuais do mercado, sublinha a Deco, uma margem a rondar os 2% já é um sinal de boas vindas.

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