COMO VAI O PREÇO DA ENERGIA QUE CONSUMIMOS
O mercado liberalizado de eletricidade, criado para dar ao consumidor mais opções, pode revelar-se um verdadeiro quebra-cabeças. Só no segmento residencial, as famílias já têm à disposição uma dezena de fornecedores de eletricidade. O menu de tarifários é farto: há descontos na parte fixa da fatura, há poupanças na fatura inteira, há quem partilhe com o cliente metade da margem de lucro e há ainda tarifas variáveis de mês para mês. Afinal, quem tem os melhores preços?
Esta semana, no Parlamento, o presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), Vítor Santos, disse que "em média o desconto de quem transita para o mercado liberalizado é da ordem dos 10%". Mas as condições variam muito. Uma simulação no site da ERSE para uma família com consumo mensal de 150 quilowatts hora (kWh) à potência de 6,9 kVA mostra que os melhores preços vêm da Yes Low Cost Energy, Luzboa e Galp, com descontos de 4% a 9% face às tarifas reguladas.
Um dos mais recentes operadores é a Energia Simples. Além de tarifas predefinidas, este novo fornecedor tem um 'Plano Flex', que cobra pela energia consumida uma tarifa que varia de mês para mês consoante o preço médio da eletricidade no mercado grossista (já o encargo de potência tem um desconto de 10%).
Outra alternativa à disposição das famílias é o tarifário 50/50 da Luzboa. Neste caso os preços são fixos ao longo de 12 meses, e depois a empresa devolve ao cliente metade da margem que tenha tido na componente de energia da fatura: por cada euro que a empresa tiver ganho entre o que cobrou ao cliente e o que lhe custou a aquisição da eletricidade, 50 cêntimos serão creditados nas faturas seguintes; se a compra da energia saiu mais cara à empresa, o consumidor não pagará mais.
Alguns dos melhores preços do mercado vêm de novas empresas pouco conhecidas, como a Energia Simples, criada há menos de um ano no Porto. Terão estes fornecedores condições para garantir um atendimento fiável? João Brito, um dos sócios da Energia Simples, conta que a estrutura da empresa é "pequena", mas vai crescer. "A Energia Simples não vai recorrer a serviços subcontratados para o apoio ao cliente. Pretendemos contratar até ao final do ano cerca de uma dezena de colaboradores", revelou João Brito ao Expresso, notando que ter tarifas indexadas ao mercado grossista é "uma questão de transparência". "Os clientes sabem qual é a nossa rentabilidade", sublinha o gestor.
Na Luzboa, empresa criada no ano passado em Viseu e que tem perto de mil clientes, a ideia é ter tarifários claros. "O tarifário 50/50 permitirá ao cliente ver a formação do preço e isto é transparência", realça Pedro Morais Leitão, presidente da Luzboa. Hoje a empresa tem oito colaboradores, entre os quais quatro gestores de clientes, para esclarecer dúvidas, gerir processos e fazer propostas comerciais. A empresa quer voltar a aumentar a equipa "em breve", mas sem subcontratar. "Este serviço é demasiado importante para estar na mão de terceiros ou fora do nosso controlo direto", nota o empresário.
EDP lidera com 81%
Apesar da proliferação de ofertas no mercado livre, a EDP continua líder destacada, controlando 81% do segmento residencial. "É saudável que haja concorrência. Nós temos a nossa estratégia claramente definida. Temos mostrado que somos capazes de ter ofertas interessantes, competitivas e inovadoras", disse ao Expresso o presidente da EDP Comercial, Miguel Stilwell.
A EDP teve no início do ano um dos tarifários mais competitivos, com descontos de 10% face às tarifas reguladas. Mas essa campanha terminou e os descontos atuais, de 2% e 3%, deixam a empresa longe de ter os preços mais baixos. Ainda assim, Miguel Stilwell considera que a "boa rede de contactos" e a existência de uma "marca de confiança" jogam a favor da EDP.
A Goldenergy, por seu turno, já tem 80 mil clientes de eletricidade, em pacotes combinados com a venda de gás natural. Mas à associação Deco têm chegado centenas de queixas sobre as práticas de agentes contratados pela Goldenergy. A empresa tem 80 colaboradores a tempo inteiro e 50 em regime de prestação de serviços e diz ter uma "política de rigor e ética" na angariação de clientes, já que "os agentes comerciais são selecionados de forma estrita e rigorosa e os seus angariadores são formados por técnicos da Goldenergy".
A empresa é alvo de três processos da ERSE, mas reclama para si o mérito de "ser um dos operadores que mais têm lutado pela liberalização". Mas se este e outros fornecedores disputam acirradamente um mercado de 6 milhões de clientes, pode o consumidor esperar elevados níveis de qualidade de serviço? A ERSE promete ainda este ano publicar os primeiros relatórios sobre o tema.
Esta semana, no Parlamento, o presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), Vítor Santos, disse que "em média o desconto de quem transita para o mercado liberalizado é da ordem dos 10%". Mas as condições variam muito. Uma simulação no site da ERSE para uma família com consumo mensal de 150 quilowatts hora (kWh) à potência de 6,9 kVA mostra que os melhores preços vêm da Yes Low Cost Energy, Luzboa e Galp, com descontos de 4% a 9% face às tarifas reguladas.
Um dos mais recentes operadores é a Energia Simples. Além de tarifas predefinidas, este novo fornecedor tem um 'Plano Flex', que cobra pela energia consumida uma tarifa que varia de mês para mês consoante o preço médio da eletricidade no mercado grossista (já o encargo de potência tem um desconto de 10%).
Outra alternativa à disposição das famílias é o tarifário 50/50 da Luzboa. Neste caso os preços são fixos ao longo de 12 meses, e depois a empresa devolve ao cliente metade da margem que tenha tido na componente de energia da fatura: por cada euro que a empresa tiver ganho entre o que cobrou ao cliente e o que lhe custou a aquisição da eletricidade, 50 cêntimos serão creditados nas faturas seguintes; se a compra da energia saiu mais cara à empresa, o consumidor não pagará mais.
Alguns dos melhores preços do mercado vêm de novas empresas pouco conhecidas, como a Energia Simples, criada há menos de um ano no Porto. Terão estes fornecedores condições para garantir um atendimento fiável? João Brito, um dos sócios da Energia Simples, conta que a estrutura da empresa é "pequena", mas vai crescer. "A Energia Simples não vai recorrer a serviços subcontratados para o apoio ao cliente. Pretendemos contratar até ao final do ano cerca de uma dezena de colaboradores", revelou João Brito ao Expresso, notando que ter tarifas indexadas ao mercado grossista é "uma questão de transparência". "Os clientes sabem qual é a nossa rentabilidade", sublinha o gestor.
Na Luzboa, empresa criada no ano passado em Viseu e que tem perto de mil clientes, a ideia é ter tarifários claros. "O tarifário 50/50 permitirá ao cliente ver a formação do preço e isto é transparência", realça Pedro Morais Leitão, presidente da Luzboa. Hoje a empresa tem oito colaboradores, entre os quais quatro gestores de clientes, para esclarecer dúvidas, gerir processos e fazer propostas comerciais. A empresa quer voltar a aumentar a equipa "em breve", mas sem subcontratar. "Este serviço é demasiado importante para estar na mão de terceiros ou fora do nosso controlo direto", nota o empresário.
EDP lidera com 81%
Apesar da proliferação de ofertas no mercado livre, a EDP continua líder destacada, controlando 81% do segmento residencial. "É saudável que haja concorrência. Nós temos a nossa estratégia claramente definida. Temos mostrado que somos capazes de ter ofertas interessantes, competitivas e inovadoras", disse ao Expresso o presidente da EDP Comercial, Miguel Stilwell.
A EDP teve no início do ano um dos tarifários mais competitivos, com descontos de 10% face às tarifas reguladas. Mas essa campanha terminou e os descontos atuais, de 2% e 3%, deixam a empresa longe de ter os preços mais baixos. Ainda assim, Miguel Stilwell considera que a "boa rede de contactos" e a existência de uma "marca de confiança" jogam a favor da EDP.
A Goldenergy, por seu turno, já tem 80 mil clientes de eletricidade, em pacotes combinados com a venda de gás natural. Mas à associação Deco têm chegado centenas de queixas sobre as práticas de agentes contratados pela Goldenergy. A empresa tem 80 colaboradores a tempo inteiro e 50 em regime de prestação de serviços e diz ter uma "política de rigor e ética" na angariação de clientes, já que "os agentes comerciais são selecionados de forma estrita e rigorosa e os seus angariadores são formados por técnicos da Goldenergy".
A empresa é alvo de três processos da ERSE, mas reclama para si o mérito de "ser um dos operadores que mais têm lutado pela liberalização". Mas se este e outros fornecedores disputam acirradamente um mercado de 6 milhões de clientes, pode o consumidor esperar elevados níveis de qualidade de serviço? A ERSE promete ainda este ano publicar os primeiros relatórios sobre o tema.
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